CAPITULO VIII - LIVRO "A FARSA...." - Começa o despiste sobre onde Mengele está. Forma-se a rede de proteção Nazista.

15/02/2013 11:53

CAPITULO VIII

O DESPISTE

COLÔNIA DE SACRAMENTO – URUGUAI

Pedro Gerhard e Stahl após sua chegada ficaram instalados numa grande casa de campo de um banqueiro uruguaio. Tiveram uma grande recepção. Muitos alemães. Descendentes e simpatizantes, além é claro dos militares argentinos e banqueiros – o guardiões das fortunas nazistas desviadas. Havia inclusive um Judeu entre eles.

Passados todos estes meses era tempo de nova empreitada. Iam os dois com freqüência para Buenos Aires. Tinham endereço na Calle Florida, número 171, em pleno centro da capital Argentina.

Toda a colônia alemã, o Governo e órgãos de investigação do mundo todo sabiam da presença de Mengele (Pedro Gerhard) e do Tenente Günter Stahl no país. Mas ninguém nada falava.

Depois de algumas viagens incompreensíveis para a inóspita província de La Riocha em plena Patagônia, onde eram recepcionados por um jovem político local chamado de Carlito (Diminutivo carinhoso de Carlos) Menem, que de ascendência árabe, nutria admiração pelos alemães), foram comunicados pelo Comitê de proteção que a missão tinha tido êxito. Como? Não sabiam.

Estas viagens que eles não entendiam o motivo era na realidade uma isca para ver se havia agentes em seu encalço. Tinham detectado um apenas e logo descobriram que havia sido desligado do Mossad pela insistência em vigiar Mengele. Era Ervin Méier. Não oferecia perigo. Mesmo assim a ODESSA resolveu que deveria agir. A segurança de Mengele era prioridade pelo que representou na Alemanha, e agora junto às empresas farmacêuticas. Era bom dar novo sumiço no “Doutor”. O temor de todos não era dos agentes. Este Mr. Cook e a indústria farmacêutica sabiam como garantir suas isenções. Temiam uma foto, uma notícia num jornal e algum grupo extremista ou louco querer fazer justiça com as próprias mãos.

Todos sabiam das operações independentes de Simon Wiesenthal. Era melhor prevenir.

(Com freqüência se perguntava a Simon Wiesenthal o motivo de ter se dedicado a capturar nazistas. Numa dessas vezes, ele respondeu a um amigo que era joalheiro: "Quando morrermos e chegarmos ao outro mundo, os milhões de judeus mortos pelos nazistas nos perguntarão o que fizemos em todo esse tempo que sobrevivemos a eles. Você dirá: 'eu me dediquei à ourivesaria', outro dirá: 'eu construí casas'. Eu lhes direi: não me esqueci de vocês".

Simon Wiesenthal passou 50 anos de sua vida em busca de justiça aos milhões de judeus, homossexuais, dissidentes políticos e ciganos mortos em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

A cidadezinha em que Wiesenthal nasceu, Buczacz , vizinha a Leopoli, pertencia à Polônia, parte do Império Austro-Húngaro. A região foi invadida por Hitler em 1939 e depois entregue ao governo da União Soviética, com quem a Alemanha tinha um acordo de guerra.

Wiesenthal, que trabalhava como arquiteto, foi obrigado a abandonar a profissão, para não ser deportado para a Sibéria. Depois, vieram os nazistas, e ele passou por 13 campos de concentração, dos quais fugia para ser novamente capturado e torturado. Em maio de 1945, as tropas aliadas libertaram o campo de Matausen, onde Simon era um dos prisioneiros sobreviventes.

Livre, descobriu que toda a sua família fora exterminada pelos nazistas - ao todo, perdeu 89 parentes. Reencontrou apenas sua mulher, Cyla, que também fora presa e torturada. Um ano depois, nasceu sua única filha.

No pós-guerra, trabalhou primeiro para o serviço de inteligência dos norte-americanos, e depois em um apartamento em Viena, atopetado de documentos do chão ao teto: começava assim a caça aos criminosos nazistas e a coleta de provas para o Tribunal de Nuremberg, organismo internacional para julgar crimes de guerra
.)

Era bom não arriscar.

Ficou acertado que ambos iriam por terra até a fronteira brasileira. Havia um porto seco denominado de Barracão, vizinho a cidade de Dionísio Cerqueira. Lá uma equipe os levaria primeiro para uma cidadezinha chamada Itapiranga, onde a colônia alemã tinha sua base mais forte. De lá seguiriam para uma localidade gaúcha, chamada de Cândido Godoy, onde a Odessa tinha contatos, seguidores e uma equipe de pesquisa científica aguardando-os.

Depois de mais de seis meses de convivência na cidade, morando numa casa do centro, perto do correio, da amizade fraterna com Padre José Bunze. Exercendo o papel de médico, Gerard atendeu a maioria da população, que gostava de seu modo de agir e tratar os pacientes.  Stahl e Gerard receberam então o recado de que havia vazado esta informação e que deveriam seguir como cidadãos comuns para São Paulo, para não por em risco a operação toda.

Em São Paulo a separação. Pedro voltaria ser Pedro e não mais Mengele. Stahl poderia voltar a se encontrar com o “Doutor”.

O Governo Brasileiro disponibilizara um avião para levar Stahl até Manaus, capital do estado do Amazonas. Obra dos antigos simpatizantes do regime Nazista e da importância da rede de proteção montada pela ODESSA, que encontrou eco dentro do exercito brasileiro.
A separação dos dois aconteceu em Santo Amaro. Estavam ambos num hotel de beira de estrada onde haviam dormido. Logo cedo Pedro Gerhard cuidou de tirar o bigode, com uma tesoura, mudou seu penteado. Stahl observou a mudança. Ninguém poderia dizer que era o mesmo homem.

Nestes meses juntos haviam desenvolvido uma amizade fraterna. Pedro pouco conhecia da importância da missão. A fez para atender ao pedido de seu pai e pelo dinheiro recebido. Stahl fiel a Mengele, gostara da maneira simples de agir de Pedro. Agora se separariam e possivelmente jamais se encontrarão novamente.

Em Buenos Aires boatos indicavam a ida de Mengele para o Chile, depois para o Paraguai. Nenhum deles indicava o Brasil como destino. Tudo dera certo. A rede de proteção funcionara mais uma vez.